Dados do Trabalho

Título

Implantação e Resultados de um Programa de Telemedicina ("TeleTraqueia") Dedicado para Pacientes com Doenças da Via Aérea Central.

Resumo

Introdução: Pacientes com doenças da via aérea central requerem consultas ambulatoriais frequentes em um centro médico especializado, devido aos seus dispositivos traqueais. Muitos desses pacientes apresentam restrições de mobilidade e cognição ou necessitam de transporte especializado devido à necessidade de oxigênio suplementar.

Objetivo: Este estudo tem como objetivo descrever a implantação e os resultados de um programa de telemedicina dedicado a pacientes do sistema de saúde público brasileiro com doenças da via aérea central.

Métodos: Estudo retrospectivo de atendimentos por telemedicina para pacientes com doenças da via aérea central realizadas em um hospital universitário público entre 1º de agosto de 2020 e 1º de agosto de 2022. As consultas ocorreram no setor de telemedicina do Instituto do Coração de São Paulo (InCor), utilizando uma plataforma institucional, e registrado em prontuário eletrônico da instituição. Os atendimentos foram conduzidos por residentes de cirurgia torácica, supervisionados por um médico assistente do grupo de Traqueia e Via Aérea do Hospital das Clinicas de São Paulo, a partir de uma padronização do atendimento criada pelo grupo. O critério de elegibilidade foi a conclusão do atendimento por telemedicina compreendendo do inicio ao fim o funcionamento de áudio e vídeo . A análise incluiu a economia de quilómetros (ida e volta) não percorridos, a redução das emissões de dióxido de carbono correspondente a economia de quilómetros e a economia de custos em transporte dos municípios de origem.

Resultados: 1.153 consultas de telemedicina realizadas em 516 pacientes (idade mediana de 31,5 anos). 290 pacientes (56,2%) possuíam dispositivo traqueal (129 tubo T de silicone, 128 traqueostomia e 33 endoprótese) e 159 pacientes (30,8%) tinham restrições para o transporte até o centro médico especializado (77 motoras, 49 cognitivas e 33 necessitavam de um dispositivo de oxigênio suplementar). Foram atendidos pacientes de 147 cidades brasileiras de 22 estados. A economia de quilómetros evitados foi de 1.224.108,54km, correspondendo a uma redução de 250.140 kg nas emissões de CO2 no ambiente. A economia de custos com transporte para os municípios de origem foi de R$ 1.272.283,78.

Conclusões: Telemedicina para pacientes com doenças da via aérea central é viável e segura. A economia de custos e a possibilidade de disseminação de cuidados especializados fazem da telemedicina uma ferramenta fundamental na prática médica atual.