Dados do Trabalho
Título
A IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVIÇO ESTRUTURADO DE TELESSAÚDE PARA ATENDIMENTO DE SÍNDROME GRIPAL NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 PODE REDUZIR A NECESSIDADE DE HOSPITALIZAÇÃO
Resumo
Introdução: a pandemia de COVID-19 representou um grande estímulo à adoção da telessaúde em diferentes partes do mundo. Apesar deste crescimento acelerado, informações sobre a eficácia clínica destes serviços são ainda escassas.
Objetivo: o objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da implementação de um serviço estruturado de telessaúde sobre a necessidade de hospitalização e a mortalidade de pacientes com síndrome gripal no contexto da pandemia de COVID-19.
Métodos: um estudo de coorte retrospectiva foi conduzido em duas cidades brasileiras de médio porte, onde um serviço público de telessaúde para atendimento de pacientes com síndrome gripal (TeleCOVID-MG) foi implementado. O TeleCOVID-MG foi um serviço de telessaúde estruturado que incluía: (1) estratificação de risco realizada através de chatbot ou ligação telefônica, (2) teleconsultas com médicos e/ou enfermeiros e (3) sistema de telemonitoramento. A análise incluiu os pacientes adultos notificados com síndrome gripal no período entre 01/06/2020 e 31/05/2021. O grupo de expostos foi composto por pacientes que usaram, pelo menos uma vez, o serviço do TeleCOVID-MG, durante a fase aguda do adoecimento e o grupo controle foi formado por pacientes com síndrome gripal que não receberam atendimento pelo TeleCOVID-MG durante essa fase. Os dados sociodemográficos, as comorbidades e os desfechos clínicos foram extraídos das bases governamentais oficiais (e-SUS VE, Sivep-Gripe e SIM). Os modelos para avaliação dos desfechos clínicos de interesse foram estimados por regressão logística.
Resultados: a análise incluiu 82.182 pacientes adultos com registro válido de notificação de síndrome gripal. Quando comparado aos pacientes que não receberam suporte através do TeleCOVID-MG (n=67.689, 82,4%), os pacientes atendidos por este serviço de telessaúde (n=14.494, 17,6%) apresentaram menor chance de hospitalização, mesmo após o ajuste para as características sociodemográficas e comorbidades (OR=0,82; IC 95% 0,71-0,94; p=0,005). Nenhuma diferença na mortalidade foi observada (OR=0,99; IC 95% 0,86-1,12; p=0.829).
Conclusão: um serviço de telessaúde aplicado em larga escala para mitigar os efeitos da pandemia de COVID-19 relacionou-se à redução do número de hospitalizações do pacientes atendidos, sem aumento da mortalidade. Um cuidado em saúde de qualidade, utilizando tecnologias de baixo custo e amplamente disponíveis, pode ser ofertado mesmo em regiões com recursos limitados.
Área
Tecnologias Digitais para Assistência Remota em Saúde - Teleatendimento
Autores
CLARA RODRIGUES ALVES DE OLIVEIRA, KARINA CARDOSO MEIRA, MAYARA SANTOS MENDES, MILENA SORIANO MARCOLINO, ISABELA NASCIMENTO BORGES, ANTONIO LUIZ PINHO RIBEIRO