Dados do Trabalho

Título

Aspectos eletrocardiográficos e epidemiológicos de pacientes atendidos em unidades básicas de saúde no estado do Piauí: experiência inicial do núcleo de telessaúde do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí

Resumo

INTRODUÇÃO: A telemedicina, especialmente durante a pandemia de COVID-19, tem demonstrado ser uma ferramenta valiosa na prestação de cuidados de saúde, incluindo o telediagnóstico de eletrocardiogramas (ECG), particularmente em áreas remotas. OBJETIVOS: Este estudo buscou avaliar o perfil clínico-demográfico e as alterações eletrocardiográficas em pacientes atendidos em unidades básicas de saúde (UBS) no Piauí. MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional transversal e analítico, no qual foram analisados dados de pacientes que realizaram ECG nas UBS de Teresina e outros municípios do interior do Piauí entre novembro de 2020 e maio de 2022, enviados para o núcleo de telessaúde do Hospital Universitário da UFPI. RESULTADOS: Dentre 36.593 traçados disponíveis na plataforma SMART foram avaliados 27.955 traçados de ECG provenientes de 61 unidades executoras ativas, com 86% destas presentes em Teresina. O ECG foi normal em 78,3% dos casos, a maioria era do sexo feminino (63%) e a idade média foi 51,9±17,3. Dentre os 21,7% de ECG alterados destacam-se as alterações de repolarização (8,57%), distúrbios de condução (5,89%) e arritmias (n=1551; 4,24%). A faixa etária com mais alterações eletrocardiográficas foi acima de 69 anos, com 37,55% para faixa etária entre 69-79 e 51,88% acima de 79 anos. Em relação à população masculina, o infarto antigo (50,6%), os distúrbios de condução (51,5%) e a sobrecarga de câmaras (55,9%) foram mais frequentes. Alterações de isquemia aguda foram observadas em 146 pacientes, 0,4% dos casos e fibrilação atrial em 121 pacientes que correspondeu a 0,3% dos ECG realizados. Houve associação de ECG alterado com idade mais avançada (p<0,0001) e sexo masculino (p<0,0001). CONCLUSÃO: Observou-se que as mulheres procuraram mais o atendimento médico e que a faixa etária mais prevalente do usuário foi em torno de 50 anos de idade. A taxa de alterações de ECG em unidades não emergenciais foi elevada, presente em aproximadamente um quarto da população avaliada e se associou com o avançar da idade e com o sexo masculino. Alterações clinicamente relevantes foram baixas (<0,1%), incluindo pacientes com isquemia aguda e fibrilação atrial, mas permitiu a antecipação diagnóstica e terapêutica desses pacientes que receberam orientação especializada. Conclui-se que a telemedicina é uma ferramenta factível e útil para diagnóstico e orientação terapêutica em unidades de saúde pública no Piauí.