Dados do Trabalho
Título
Ferramentas combinadas de telecardiologia para estratificação de risco cardiovascular na atenção primária: dados do estudo PROVAR+
Resumo
Introdução: Ferramentas de telecardiologia são estratégias valiosas para melhorar a estratificação de risco cardiovascular, especialmente em locais com recursos limitados. Objetivamos avaliar a acurácia da tele-eletrocardiografia (ECG) em locais remotos para predizer anormalidades na ecocardiografia de rastreamento (eco) na atenção primária (AP).
Métodos: Em 17 meses, 6 profissionais de saúde em 16 unidades de AP foram treinados em protocolos simplificados de eco ultraportátil (GE VSCAN). Tele-ECGs foram registrados com software dedicado, ferramentas de medição e magnificação e diagnóstico final por um cardiologista. Pacientes consentidos com alterações maiores do ECG pelo código de Minnesota e uma amostra 1:3 de indivíduos sem anormalidades foram submetidos a um questionário clínico e eco de rastreamento, interpretado remotamente por ecocardiografista. Doença cardíaca (DC) maior foi definida como doença valvar moderada/grave, disfunção/hipertrofia ventricular, derrame pericárdico ou anormalidades de motilidade. Associação entre alterações maiores ao ECG e anormalidades ecocardiográficas foi avaliada por regressão logística, em 4 modelos: 1: não ajustado; 2: modelo 1 ajustado para idade e sexo; 3: modelo 2 mais fatores de risco cardiovascular (hipertensão e diabetes); 4: modelo 3 mais história de doença cardiovascular (Chagas, Cardiopatia Reumática, Cardiopatia Isquêmica, AVC e Insuficiência Cardíaca).
Resultados: No total, 1.411 pacientes realizaram eco, sendo 1.149 (81%) com alterações maiores no ECG. A idade média foi de 67 (IQR 60-74) anos, 51,4% homens; 76,3% eram hipertensos, 37,7% diabéticos e 22,3% tinham cardiopatia isquêmica. Entre aqueles com alterações maiores no ECG, 78% apresentaram eco anormal. Alterações maiores no ECG se associaram a uma chance 2,4 maior de DC maior no eco de rastreamento em análise bivariada: OR=2,15; (IC95%: 1,76 - 3,39), o que permaneceu significativo (p<0,001) após ajustes nos modelos 2: OR=2,57 (IC95% 1,84 - 3,65), modelo 3 (OR=2,52 (IC95% 1,80 – 3,58) e modelo 4 (OR=2,23 (IC 95% 1,59 – 3,19). Idade (OR=1,07 (IC 95% 1,06 – 1,09), p<0,001) e insuficiência cardíaca (OR=5,18 (IC 95% 2,43 – 11,87) , p<0,001) também foram preditores independentes de DC maior ao eco.
Conclusões: Alterações maiores no tele-ECG aumentaram a probabilidade de DC no eco de rastreamento, após ajustes para variáveis demográficas e clínicas. A combinação de ferramentas de telecardiologia e dados clínicos pode melhorar a estratificação de risco na AP.
Área
Tecnologias Digitais para Assistência Remota em Saúde - Telediagnóstico
Autores
KACIANE KRAUSS BRUNO OLIVEIRA LOURENÇO, Bruno Ramos Nascimento, Wanessa Campos Vinhal, Mariela Mata Coimbra, Antonio Luiz Pinho Ribeiro, Clareci Silva Cardoso