Dados do Trabalho
Título
Ecossistemas de saúde: benefícios e limitações dos teleatendimentos nas Boas Práticas em Cardiologia
Resumo
A implementação das Boas Práticas nas Urgências Cardiovasculares obteve resultados significativos na execução das diretrizes preconizadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, atuando em 147 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Suas ações englobam: implementação de protocolos de atendimento; laudo de eletrocardiogramas; teleconsultoria com cardiologistas; e capacitação da equipe remota através de Sessões de Aprendizagem Virtuais. No último ano, foram computados 448 mil laudos de ECGs, de 341 mil pacientes, e mais de 7,6 mil teleconsultorias, das quais 92% foram aceitas pela equipe médica remota. O tempo porta-ECG caiu de 24 para 15 minutos, e o tempo porta-agulha caiu de 52 para 32 minutos. A maior agilidade na reperfusão medicamentosa, contudo, não veio acompanhada do aumento na acessibilidade a trombolíticos: 55% das UPAs ainda não dispõem desse recurso e apenas 15% dos casos foram trombolisados. O IAM permanece entre as condições de maior morbimortalidade no Brasil e no mundo. Nas últimas décadas, houve crescimento da mortalidade extra-hospitalar, com 40 a 65% dos óbitos ocorridos na primeira hora e cerca de 80% nas primeiras 24 horas. A fragmentação da linha de cuidado dos pacientes com IAM é um dos fatores que pode atrasar o diagnóstico e a terapêutica. Os teleatendimentos com especialistas ajudam a criar um ecossistema de saúde que torna o cuidado mais ágil e assertivo, produzindo melhores desfechos clínicos. Parte desse ecossistema, entretanto, é a garantia de acessibilidade aos recursos terapêuticos preconizados. A fibrinólise é um procedimento capaz de reduzir a mortalidade e o grau de disfunção ventricular se feita precocemente. Sua administração pré-hospitalar reduz o tempo de tratamento e a mortalidade dos pacientes com IAM. Em 2014, o Ministério da Saúde promulgou essa prática para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). Porém, faltam dados objetivos sobre quantas unidades obtiveram aprovação de suas licitações. Na prática, muitos pacientes permanecem sem acesso a esse recurso, o que inviabiliza o impacto positivo que o teleatendimento poderia proporcionar nesses casos. As Boas Práticas alcançaram: redução do tempo de triagem e classificação dos pacientes de alto risco; agilidade na identificação do IAM; intervenção terapêutica assertiva, implementação de protocolos e capacitação da equipe. O maior acesso a trombolíticos seria propulsor essencial dos benefícios que o ecossistema de saúde pode trazer aos pacientes com IAM.
Área
Tecnologias Digitais para Assistência Remota em Saúde - Teleatendimento
Autores
MARCELA USBERTI GUTIERRE, HADRIEN BALZAN, CARLOS PRADA, MARCELO NISHIYAMA, CAMILA NICOLLINO, RODRIGO OLYNTHO